Vamos fazer um filme?
Daniel Dali
A sétima arte, visualmente sedutora, possui intencionalmente, ou nem sempre, função apelativa para o público diverso. Há filmes com cenas extremamente artísticas, sensuais, que mostram o sexo, não explícito, envolvente e coerente e outros que fogem da proposta do roteiro e domínio do diretor.
Aqui no Brasil tivemos as pornochanchadas. Filmes comerciais, que apesar de não haverem sexo explícito, havia um forte apelo por bilheteria, para quem quisesse ver algumas atrizes nuas na tela. Com a liberação da exibição de filmes de sexo explícito nos cinemas do Brasil, ninguém mais quis perder tempo vendo o sexo falso e cheio de pudores das pornochanchadas, a não ser pelos textos teatrais e contos de Nelson Rodrigues adaptados para o cinema.
O nosso cinema nacional possui diversos filmes em que o sexo aparece não como um ingrediente de apelo, mas se fazendo necessário, artístico, verdadeiro e parte da cena, mesmo que fortemente erótico. Infelizmente as cenas de sexo mais bem feitas são menos conhecidas, a exemplos de todas dos filmes “Madame Satã”, “ Cidade Baixa” e uma cena sensual, porém engraçada, no filme nacional “Estômago”, onde a personagem Nonato faz sexo com a prostituta Íria enquanto ela come a macarronada feita por ele, ambos desfrutam do prazer de comer e “comer”, num sexo bem temperado.
Em Hollywood não é tão diferente, porém os filmes que bateram recordes de bilheterias por serem investimentos milionários, tiveram suas cenas imortalizadas. No filme “De Olhos Bem Fechados”, Nicole Kidman e Tom Cruise, na época casados, para passar mais veracidade na cena, toparam fazer sexo e gozar de verdade em frente ás câmeras. Filmada pelo próprio diretor Stanley Kubrick a sós no quarto com o casal. A cena foi excluída, e as outras editadas para amenizar a empolgação libidinosa do cineasta. Mesmo com a intenção de fidelidade a realidade ao extremo, não é tão lembrada quanto cenas muito bem feitas de “Instinto Selvagem”, protagonizadas por Sharon Stone e Michael Douglas. Não fica de lado também o apelo comercial e muito artístico da bizarra cena em “O ultimo Tango em Paris” onde Marlon Brando sodomiza, sem pena, Maria Schneider com a ajuda de manteiga.
Com tantas variedades e estilos diferentes podemos afirmar que Cinema e sexo tem tudo a ver. Afinal, na maioria das vezes, a primeira penetração é a penetração do campo visual. Primeiro vemos para depois desejarmos tocar, e quando somos desejados já penetramos. E no final do filme que estrelamos, teremos nossos créditos projetados no escurinho ou com uma grande vantagem de não terminá-lo, dizemos: - Corta! Vamos filmar de novo!
Bom texto!! Eis no cinema claros exemplos, daquilo que consideramos como erótico, ou como pornográfico. São coisas bem diferentes.
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