Histórias Vivenciadas no Carnaval de Salvador
Texto de Natali Locatelli
Para muitos foliões, o bom de sair em blocos é por conta da segurança. Outros preferem os camarotes, que se multiplicam pelos circuitos. Mas, para uma grande maioria, bom mesmo é pular na rua, sem ficar preso às cordas. Esta escolha não se trata apenas de uma necessidade de adequar a folia ao orçamento, mas uma questão de preferência pelo lado mais popular da festa.
Para Duan Ribeiro, 32 anos, morador da Boca do Rio, trabalha em uma empresa privada na área administrativa, a melhor coisa são as histórias que só são vistas por quem está na rua. “Uma vez, chovia muito e, em Ondina, formou-se uma grande poça. Por coincidência, um amigo que estava fantasiado de Moisés pediu para o bloco esperar, passou pela poça com a esposa, batendo o cajado no chão, depois chamou o bloco pra segui-lo e a multidão foi junto.” Só quem estava lá embaixo curtiu.
A dona de casa Eliete Soares, 33 anos, moradora do Bairro Canabrava, trabalha como diarista, e é outra que adora uma pipoca “Quem não tem dinheiro para comprar um abada tem de ir na rua mesmo”, diz Eliete, que nunca saiu em bloco, mas se diverte como pode desde os 15 anos. Eliete reclama da confusão e do aumento da violência, fato que ela atribui ao maior número de pessoas nas ruas.
Temos duas realidades diferentes, a opção de sair na pipoca pelo simples fato de interagir com os amigos a qualquer momento e se deslocar para um bloco ou camarote, e a outra realidade a falta de opção, com limitações, sem escolhas, por não ter recursos financeiros, para arcar com o custo.
A segunda opção é a realidade de muitos baianos. Eles se deslocam de suas casas, muitas vezes distantes do circuito do carnaval, instalam-se nas ruas e avenidas com barracas, sem nenhuma infra-estrutura, com famílias e filhos. Eles vão para avenida com o peito aberto, muita alegria, sem preconceitos. O grande objetivo é a diversão!
FOTO: Ian Calmon Multidão aos pés do Farol |
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