Matéria: Claudio Nogueira
O impacto estético dos Filhos de Gandhy, a mística que envolve o bloco - o cheirinho de alfazema, sua bela indumentária e seus colares azul e branco - causa até nos menos tradicionalistas uma grande sedução.
O bloco criado por estivadores em 1949 e que contava em seu quadro quase que exclusivamente com homens das camadas populares de Salvador, passa a ser também objeto de consumo da classe média urbana advinda das mais diversas cidades do Brasil.
O grande apelo para sair neste Afoxé passa a não ser a mística, mas o credenciamento para se dar melhor com a mulherada. Até mesmo a tradicional sandália do Gandhy vem sendo substituída por tênis.
Murilo Auad, 31 anos, turista da Cidade de Goiânia, saindo pela primeira vez nos Filhos de Gandhy, diz que os tênis são muito mais confortáveis e que sua motivação para sair no bloco foi realmente a possibilidade de conseguir mais facilmente uma namorada mediante a clássica oferta do colar a uma garota. "Mas apenas consegui jogar o meu colar para Cláudia Leitte, em cima do trio", lamenta.
Sérgio, engenheiro civil, morador do Caminho das Árvores, destaca que os tênis são mais higiênicos que as sandálias, mas admite que sair no Gandhy é "resgatar as origens e a tradição, é uma verdadeira renovação de espírito". Para José Carlos Alcântara, 38 anos, de Pernambués, sair sem as sandálias é a mesma coisa que sair sem o turbante, "é uma total descaracterização", defende.
FOTO: Paulo Sérgio Murilo Auad (à direita), turista de Goiânia, "os tênis são mais confortáveis que as tradicionais sandálias". |
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